Agora, vai saber o que aqueles racistas extremistas não devem estar pensando hoje, vendo o comando de seu país ser tomado pelas mãos de um negro. Esses não importam muito, deve-se pelo menos ter o cuidado para não fazerem com Obama o que fizeram com Martin Luther King. Pode parecer pessimismo demais pensar nisso, mas o que aconteceu foi um ato simples, King foi assassinado por um branco racista. “Eles pegaram a sua vida. Eles não poderiam pegar o seu orgulho”, já diria Bono Vox, em sua música que homenageia o líder. E não pegaram. O discurso de Martin Luther King se perpetuou em livros, jornais, está disponível na internet e, o mais importante, está em discursos políticos como o de Obama, sendo falado e seguido pelo mundo afora. O atual presidente dos EUA prometeu seguir a mesma linha pacífica de King e lembrou em seu discurso de posse que “as gerações anteriores encararam o fascismo e o comunismo não apenas com mísseis e tanques, mas com alianças resolutas e convicções duradouras” (na terceira página).
Além do pomposo discurso de Obama, temos pontos indiscutíveis, como o fato de ele ter vivido e estudado em um colégio muçulmano. Obama nega ter conexão com o Islã, “contudo os muçulmanos não vêem a prática como chave. Para eles, o fato dele ter nascido de uma linhagem de homens muçulmanos o faz muçulmano de nascença. Mais do que isso, todas as crianças nascidas com um nome árabe baseado na raiz trilateral H-S-N (Hussein, Hassan, e outros) pode ser considerado muçulmano, portanto eles entenderão que o nome completo de Obama, Barack Hussein Obama, é o suficiente para proclamá-lo muçulmano de nascença” (texto na íntegra). Independente disso, fato é que Obama teve contato com muçulmanos -além de ser considerado um, por eles- e, como ele mesmo afirmou, isso é bom pois permite que ele veja como esse povo pensa e assim estabeleça uma relação melhor com o Oriente Médio. O presidente falou em respeito em seu discurso, coisa que nem de longe víamos com Bush. (“Ao mundo muçulmano: buscamos uma nova trilha adiante, baseada em interesses mútuos e respeito mútuo.” – também na terceira página).
Barack Obama falou com convicção, com realismo e com sentimento, mas é preciso mais do que palavras. O mundo todo precisa que seus atos tenham as mesmas características. Um slogan socialista comandou a campanha a presidência de um país ferrenhamente capitalista. Todos que acreditam em uma verdadeira mudança podem estar completamente enganados, mas hão de convir que só o fato de a população ter escolhido um negro como seu representante sob tanta história contraposta já é uma mudança e tanta na consciência do povo americano, e isso não pode ser desconsiderado. A mudança a que me refiro aqui, é no que diz respeito à humanidade, não propriamente à política. Talvez o povo não se torne tão mais humano, mas certamente Obama vai limpar a imagem que Bush tanto sujou enquanto o representava.