Tão perto que chega a doer

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O amor existe? E se existir, ele acaba? O amor é suficiente? Seria o amor uma mentira? Essas e muitas outras perguntas perturbam a todos que se atrevem a assistir “Closer”. O filme, do diretor Mike Nichols, foi produzido em 2004, inspirado em uma peça homônima, escrita pelo inglês Patrick Marber, em 1997. Nichols já dirigiu as comédias “De Que Planeta Você Veio?” e “A Gaiola das Loucas”, mas Closer é completamente diferente do enredo de ambos. A primeira surpresa reside na existência de apenas quatro personagens, nada convencionais. O filme se passa em Londres, onde quatro desconhecidos têm suas vidas enredadas de uma hora para outra.
Anna (Julia Roberts) é uma fotógrafa, Larry (Clive Owen) é um dermatologista, Dan (Jude Law) é um jornalista que escreve em obituários e Alice (Natalie Portman) é uma stripper. Seus dramas pessoais são destrinchados em uma trama densa, tudo completamente interligado. Mike Nichols parte das relações contemporâneas e através da história de Marber coloca tudo que todos sempre acreditaram à prova.
Alice conhece Dan depois de um acidente de carro. Anna fotografa Dan para a orelha de seu livro, inspirado em sua namorada, Alice. Porém, no estúdio, Anna e Dan se beijam e ele se apaixona. Alice e Anna se conhecem. Larry freqüenta sites de bate-papo. Dan conversa com ele e marca um encontro se passando por Anna em um lugar onde ela sempre vai para fotografar pessoas. Larry e Anna então se conhecem e se envolvem. Tudo isso ocorre através de cortes e inserções atemporais. As relações muitas vezes são mantidas por uma mera questão de conveniência. As cenas são dinâmicas e carregadas de sentimento e de franqueza. Os fatos não acontecem ao mesmo tempo, aliás, chega a ser difícil precisar o tempo que se passa entre uma situação e outra.
Um filme diferente de tudo o que já foi produzido no que diz respeito ao amor. O nome “closer” significa “mais perto” - no complemento do título: "Perto demais" -, mais perto das fraquezas e das dúvidas humanas. Tão perto que chega a parecer falta de cerimônia. As mentiras que tentamos dizer, as traições que não conseguimos esconder, os detalhes mórbidos de tudo que nossa existência humana insiste em querer saber; tudo isso é explorado a fundo no filme. Os diálogos são enérgicos e verdadeiros, com declarações que beiram a indiferença. Os casais, nunca constantes, estão sempre descobrindo sentimentos novos, baseados em relações de interesse mútuas. Quando o amor acaba, simplesmente vão embora. Para os românticos, o filme levanta uma bandeira contra o amor. Porém, sob um olhar atento, a história aborda vários casos cujos personagens não estão certos do que sentem. Como qualquer pessoa, Anna, Larry, Dan e Alice se vêem perdidos em sentimentos -bons e ruins- e mal sabem se o que sentem é mesmo amor. Lidam constantemente com dúvidas, mas não deixam de viver o que quer que seja isso.
Certamente não é um filme para todos os gostos. O filme chega a soar grosseiro para os acostumados com as comédias românticas tradicionais. Estes, inclusive, certamente estranharão Julia Roberts na pele da introspectiva Anna. É uma produção ousada com tudo para desagradar um público treinado para risadas e finais felizes.
Se alguém assiste ao filme esperando encontrar uma história de amor salpicada de situações engraçadas, estará perdendo seu tempo. Closer é um filme cru. Não possui um final feliz, possui um final real. Expõe toda a frieza que uma relação pode carregar, mas contém todo o calor que o amor verdadeiro e a paixão podem ter e serem capaz de provocar. Uma lição fica após assistir ao filme: o amor pode até existir, mas certamente não é como Hollywood tenta nos fazer acreditar que é.


3 comentários:

Tha | 6 de janeiro de 2009 às 22:42

"And so it is!"

Ótimo verso pra começar e pra terminar o filme, não é não?

Adoro este filme, e gostei MUITO dos comentários também! Particularmente do final "o amor pode até existir, mas certamente não é como Holiwood tenta nos fazer acreditar que é." And so it is!!!

Anônimo | 20 de janeiro de 2009 às 23:11

amo esse filme... adoro a pscicologia que envolve tudo, principalmente o poder que possuimos sobre as pessoas, a capacidade de interferir sobre as decisões, a nossa presença, influência, enfim, sobre o domínio.

and so it is....

Anônimo | 27 de janeiro de 2009 às 15:11

é, o filme é uma doidera!
hahaha

"closer é um filme cru." concordo em gênero, número e grau.
E os diálogos são realmente muito bons!

bju anna
:)

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